Mais de um milhão <br>sem médico de família
Nos centros de Saúde há falta de tudo, de profissionais de Saúde, de material clínico (seringas, pensos, compressas, entre outros), e houve momentos em que faltaram vacinas e medicamentos. Em muitos casos não há viaturas para assegurar os cuidados no domicílio, sendo garantidos porque os profissionais utilizam os seus próprios meios. Esta realidade resulta dos cortes no financiamento dos CPS.
Entre 2001 e 2011, Portugal passou de 1953 extensões de Saúde para 1199, o que corresponde a menos 754 extensões de Saúde.
Por outro lado, mais de um milhão de portugueses não tem médico de família, e o enfermeiro de família é uma miragem. No entanto não se pode resolver a falta de médicos de família retirando a outros, como o Governo está a fazer com o expurgo de milhares de utentes das listas dos médicos de família que não utilizam o centro de Saúde há mais de três anos.
Lógica do lucro
Há muito que os partidos da política de direita pretendem abrir aos privados os CPS. A criação das Unidades de Saúde Familiar (USF), tipo C, é disse exemplo. Neste momento, o Governo está a criar as condições para a sua implementação, com um grupo de trabalho para o efeito. A concretização da sua privatização constitui uma velha ambição dos grupos económicos e financeiros, para alargar o «negócio da Saúde» e para garantir «clientes» aos grandes hospitais privados.
Combater a doença
A prestação de cuidados de Saúde em Portugal está muito direccionada para a doença, em detrimento das políticas de promoção de Saúde e de prevenção da doença – uma missão fundamental dos CPS. Na verdade, os centros de Saúde praticamente não tem uma acção regular e planeada junto dos utentes para a promoção da Saúde.
Os ditos «ganhos em Saúde» passam por uma aposta séria e efectiva na promoção da Saúde, permitindo, em primeiro lugar, assegurar uma melhor Saúde aos portugueses e, em segundo lugar, uma optimização dos recursos públicos, tendo em conta que se evitariam ou detectariam muito mais cedo determinadas patologias.